sábado, 20 de fevereiro de 2010

DESOBEDIÊNCIA




Walkiria Assunção
Segundo G.P. da Silva, deixar de cumprir uma ordem, nem sempre implica em desobediência. Muitas vezes mandamos uma criança fazer isso ou aquilo, por mero capricho de nossa autoridade, e quando, nesses casos, ela nos desobedece, demonstra por esse processo de defesa um traço forte de personalidade que, em absoluto, devemos procurar apagar.
As crianças tem razão que nós adultos desconhecemos. É portanto necessário respeitar essas razões. Desobedecer - diz um psicólogo - consiste em não se submeter a criança ao despotismo da autoridade. Aos pais - e principalmente às mães - cabe ensinar aos filhos a obediência. Mas é preciso que esta seja justa, deisciplinada, coperente.
Desobedecer a uma imposição absurda não é desobedecer. É rejeitar o suícidio moral da personalidade e, consequentemente, a maleabilidade do EU. Crescidas, estas crianças tornam-se homens(ou mulheres) amorfos, incapazes de deliberar por si mesmos sobre os casos que lhes tocam mais de perto. Vivem, por assim dizer, para ser conduzidos pelos outros. Não tem iniciativas próprias. Acostumam-se a andar sempre de chápeu na mão, agradecendo.
Aprender, pois, a obedecer não é aquiescer a tudo e, principalmente, como diziamos de início, aos caprichos dos pais. Suponhamos que uma determinada criança não goste de pirão de batatas. Ora, ninguém é obrigado a gostar de batatas. Mas o papai e a mamãe julgam que o filhinho para ser homem completo, isto é, para se adaptar à vida, tem de comer batatas e zás! - toda vez que se sentam à mesa do jantar ou do almoço e é servido pirão de batatas, metem uma porção deste alimento detestado no prato do filho. A criança repele. Mas, um dos pais, que nesse dia está um tanto nervoso, ou de mau humor, impõe:"Coma, menino;não me desobedeça!" Se fosse com a sua avó teria de comer batatas por castigo, durante uma semana inteira, até acostumar".


Entre as incompreensões da desobediência, devemos ainda ressaltar a maneira com que inúmeras pessoas humilham as crianças, obrigando-as a pedir perdão quando estas cometem faltas consideradas graves. "Peça perdão, meu filho!Você foi insolente para com sua mãe!"A criança não quer pedir perdão a mãe insiste, mas a criança não pede. E por que não pede, apanha uma boa chinelada.


Essa negativa não quer dizer, em absoluto, que o garoto não reconheça a sua falta. Sabe perfeitamente que agiu mal e, por issoi, ja se sente humilhado.


O" peça perdão" vem, no entanto, aumentar essa humilhação. Vem ferir o amoe próprio, a vergonha, o cárater em fraca inflorescência da criança.


Essa imposição é uma das mais prejuidiciais na conduta educacional entre pais e filhos. O " peça perdão"acovarda a alma, diminui a personalidade, machuca a dignidade, fere até mesmo os sentimentos mais nobres de nossos filhos. Eles, intimamente, não se conformam, ou, mais do que isso, intimamente, se rebelam, tornam-se prevenidos e passam a olhar os pais coimo tiranos, inimigos a quem devem temer, antes de querer bem, de amar com ternura respeitosa. Fazer com que a criança obedeça sempre é destruir, portanto, a personalidade nascente. É preciso notar que nós adultos não somos infalíveis. Ao contrário. Na maioria das vezes agimos ingustamente. A vida de hoje, principalmente, vertiginosa e por demais exigente, excita os nervos. Deixa-os num estado de tensão permanente. Andamos, por assim dizer, neurastenizados. Pagam, então, os filhos, os pecados dos pais.


O mesmo acontece em relação ao colégio. Quantas e quantas vezes um educando desobedece com as mesmas razões uma ordem caprichosa de um professor? Há professores que hoje concedem tudo e amanhã, nada.


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